Microcosmos
Ando pensando muito em microcosmos esses tempos.
Microcosmos, na minha visão inicial, são aquelas situações paralelas à sua rotina em que você convive com pessoas com as quais normalmente não estaria tão próxima, e por causa desse momento acabam criando um vínculo especial. Essa ligação surge exatamente do fato de vocês estarem compartilhando algo que é atípico.
Esse conceito me veio à cabeça quando estava comendo pão de queijo em Blumenau com um alemão e um brasileiro, nenhum dos dois os quais eu conheceria se não fosse pelo meu emprego. E por causa disso, acabamos passando dois dias inteiros juntos, com direitos a piadas internas – sexta feira à noite em Conchas! – e digressões sobre vida, relacionamentos e a indústria têxtil.
Depois disso constatei que cada relacionamento que temos, com qualquer pessoa, próxima ou distante, pertencente ou não à nossa rotina, cria um microcosmo. Uma frase trocada, uma conversa descontraída, uma caminhada que seja, já estamos compartilhando um momento, e temos algo exclusivo com essa pessoa. O nosso próprio microcosmo.
Acho às vezes que é por isso que pensamos que um amigo é melhor para se conversar de música, enquanto outro é excelente para divagar sobre relacionamentos. Que no final de uma viagem queremos manter contato com as pessoas que conhecemos, ainda que seja difícil de se manter. São vínculos que existem e nos fazem bem.
As pessoas vêm e vão, mas esses pedaços de vida permanecem, e formam o seu mundo. Somos um coletivo de microcosmos únicos divididos com as pessoas com que interagimos, formados por tudo que compartilhamos.
Se não cuidamos dos pedaços que deixamos com os outros, estamos descuidando da nossa própria vida.
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