O cão e a roda
É interessante notar como vamos envelhecendo. Cada qual à sua maneira. Têm aqueles que mantém uma certa vitalidade juvenil, aquela curiosidade constante e vontade do novo. Têm aqueles que vão se assentando, procurando um lugar para se aquietar e ser feliz desse jeito. E, claro, têm aqueles que ainda não entenderam que o tempo passa rápido demais e que se algo não for decidido, resolvido ou iniciado, estes podem pular da fase jovem e despreocupada, para aquela em que se está assentado e não se vê mais lugar pra ir.
Estar perdido, gostaria eu, deveria ser uma característica dos adolescentes que mal sabem para onde ir. Mas que também pouco se importam. E eles sempre acreditam que as coisas vão se acertar, invariavelmente. Realmente, acontece.; mas muitas vezes as coisas se acertam da forma em que você não está feliz mas está estável.
Mudanças nunca geram estabilidade em seu início. Esse caos inicial é intrínseco à mudança, é necessário para que se possa valorizar ou questionar o passo dado. E se questionar se o que fora feito é realmente a opção correta. Existirá algum momento em que mudanças não serão necessárias? Existirá algum momento em que o medo não tomará conta da gente de forma tão abrupta - mas também certa?
Estava a conversar com um amigo meu e ele me fez a melhor analogia desses tempos incertos e cheios de perguntas: o cão e roda, batizei assim. Sabe o cachorro? Ele fica anos e anos correndo atrás da roda. Da roda de bicicleta, da roda do carro, sem saber porquê. A roda está lá, rodando e está o cachorro atrás dela como se não houvesse amanhã. O dia em que a roda pára, o cachorro pára também. E se fosse do cachorro se perguntar alguma coisa, estaria lá ele ‘E agora? O que eu faço?’.
Temos então que ir atrás do osso?
Procurar outra roda?
Ou na analogia mais brega que um ser humano pode pensar: correr atrás do que se quer?
E alguém sabe o que quer?
Queria eu achar uma roda pra ir atrás mas que quando esta parasse o único pensamento que passaria pela minha cabeça seria “Parou? Vou fazer funcionar de novo. Ou comprar uma bicicleta nova”.
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