Tchau, Coração!

Hoje amanheceu um dia nublado, seco, sem cor nenhuma a não ser aquele branco do céu. Nada me pareceu mais apropriado. Tanto sol e calor nesses dias que se passaram e agora esse vento meio frio, que passa rápido gelando a ponta do nariz e dos dedos. A sensação de mudança, de quebra, de algo que parecia ininterrupto subitamente modificado, quebrado, tirado de mim.

Acordei hoje pensando em você. Dormi pensando em você. Obviamente, sonhei com você.
Quando a gente se viu pela última vez ventava um pouco e parecia que ia esfriar. Mas lembro-me, muito bem, conversando aquelas amenidades que subitamente se tornavam importantes, que ainda fazia calor. Lembro-me que você disse não se importar mais em juntar todos os seus amigos. E que são tantos. Você me disse que ia aproveitar o momento que estivesse com cada um e que já havia desistido de aproximar aqueles que não pertencem à mesma turma. E ainda teceu uma tese de que amigos de amigos tem de ser aproximados aos poucos, para se conhecerem e depois não depender mais de você como ligação.

E adivinha só? Hoje sentimos uma ligação entre nós todos, ao mesmo tempo, mais forte do que você poderia imaginar. O motivo é o pior que poderia aparecer, aquele que ninguém queria pensar, aquele que não é motivo, é falta de razão, é errado, é horrível.

Mas é só recíproco, meu amor. É fácil assim gostar de você. Mas como não? Você sempre falava o quanto gostava de mim, dos seus amigos, de todos que estavam a sua volta. Você era o único, muitas vezes, que atendia as chamadas e me encontrava. Que valorizava o que eu adoro ter com você: amizade. Genuína. Real. Recíproca.

Não consigo entender que você se foi. E porque se foi, sem nem deixar um recado no celular. Sem nem me deixar ligar de volta pra te convencer a ficar. E eu sei que você ficaria.
Comigo, ficará pra sempre. E vai ser difícil não ter sua companhia mais. Te ouvir chamar meu nome, te ouvir falar “Oi, Coração!”.
Não queria ter que dizer isso pela última vez. Não mesmo.
Tchau, Coração!