Garantindo o refrão
Sempre gostei de escrever. Tenho até hoje cadernos meus de pseudo-poesias e redações de quando eu tinha doze anos – embora hoje eles só sirvam para me matar de vergonha, antes eram a válvula de escape de uma pré-adolescente com pré-angústias.
Eu gostaria de poder viver disso. Não sei se terei um dia qualidade suficiente ou mesmo demanda pelo meu trabalho a ponto de fazer disso minha principal atividade. Mas continuo tentando, e nessas até criei um e-zine com uma amiga, o Urgente, conhece?
A idéia do e-zine surgiu de uma resolução de ano novo feita em agosto: se realmente gosto de escrever, e quero fazer isso o resto da minha vida, é bom eu praticar. Vi que era preciso acabar com qualquer timidez ou preguiça e criar um hábito correto. Escrever, reler, revisar, arquivar, e deixar que leiam. Então surgiu o Urgente: uma iniciativa despretensiosa mas com meta de crescimento e dominação de 24 territórios a nossa escolha.
Queremos escrever toda semana e estamos quase perto dessa meta, quando não somos vencidas pela realidade ou pela nossa preguiça. Esse texto é uma tentativa de não naufragar a ela.
Escrever é vencer uma folha em branco. Requer observação do mundo e de si mesmo e muita atenção ao detalhe. Sempre que releio o que escrevo, quero mudar tudo. Como são textos menores, eu não fico me martirizando (muito) com o que não gosto.
Mas pior do que erros de concordância é sentar na frente do papel sem a coragem de dizer o que se pode dizer. Às vezes é preguiça ou falta de memória, mas geralmente é a falta do exercício constante de transformar em palavras o mundo ao nosso redor.
Hoje eu tento vencer essa angústia de me sentir vazia explicando-a para quem me lê. É um texto um pouco metafísico demais, contudo preciso disso para conseguir vencer essa folha em branco. Não posso deixar que ela fique muito forte contra mim. Se eu não escrever, não vou poder apagar, rabiscar e, quem sabe um dia, comover alguém com algo que eu tenha dito. Ou melhor, escrito.
Essa é a melhor das metas que um escritor pode ter.
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