12.10.04

A preguiça do nada

De repente, a vida chega em um momento em que não tem muita coisa acontecendo. O nada se instaura, e você começa a pensar sobre o sentido e real importância de algumas coisas. Nada anda pra frente. O que você esperava ainda não chegou, o que te frustrava ainda não mudou e o que te irrita ainda está aí, do seu lado. E, por hora, não há o que ser feito.

É uma época de tédio profundo. Talvez até regado por um princípio de depressão, coisa leve. A vida está parada, e mais chata que ela, talvez só você. As coisas não realmente te importam muito: dá uma preguiça danada. E honestamente, e daí? Fazer algo? Fazer nada. Você faz regime por preguiça de comer, exercício por preguiça de dirigir, assiste televisão por preguiça de dormir. Dorme por preguiça de viver, Suas ações são motivadas por uma preguiça maior. Ela é um conforto único. Uma vez que você não vá movimentar a sua vida parada... Bom, se é para ter preguiça, que seja direito.

Ficar longe das pessoas é mais fácil nessa época. Afinal, o convívio requer um certo trabalho, e não se sabe mais por quem você se dispõe a fazer qualquer ação. Afinal, você sente mais comoção pela morte de um famoso que você admirava do que pela distância de um conhecido da vida real. Você se sente meio abandonado, mas não tem certeza se não é paranóia. Será que você se afastou ou foi afastado? Será que você se tornou uma pessoa mais chata, ou só não interage tão bem com quem está em volta de você? Será que isso te magoa? Ou só machuca o teu ego? Ainda bem que existem amigos com alma boa que nos agüentam nesse período de mesmice.

É uma inércia muito louca que te leva a esses extremos. Sempre surgem questionamentos quanto a sua origem. Seria apenas um dia de mal humor? Seria a distância de um final de semana? Seria falta de perspectivas? Ou de sexo? Para as mulheres, hormônios? Mudança da conjunção astral?

Ainda não foi descoberta a causa. Não existem muitas pesquisas nessa área: quem vive esse momento tem muita preguiça para essas divagações científicas. Deve haver diversas razões, que se combinam nesse momento de gargalo. E até um empurrão chegar, agüentamos uma temporada mais arredia, ausente, distanciada. Mais para frente haverá sentimentos, surpresas e desafios em seu caminho. Mas, por agora...Nada.


PS: Espero que esse texto seja uma justificativa razoável para os nossos atrasos de postagem. Minhas desculpas em nome do Urgente. Acredito que, em breve, a Izz também se manifestará com um de seus excelentes textos, para nosso deleite.

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