10.9.04

Honrando as cuecas

Toda vez que vejo uma mulher falar de homem ou ela está se referindo a como ele foi um cachorro filho da puta ou como está apaixonada por ele. Dificilmente vejo um ser do meu gênero se referir aos homens como pessoas normais que agem de acordo com seus ideais e crenças. Odeio qualquer tipo de sexismo, logo, todo machismo e feminismo com o qual me deparo resolvo ignorar. Mas fico pensando se, em algum momento, os homens não tomam atitude conscientemente de forma a se enquadrar somente no homem dos sonhos ou no canalha.

Eu adoro os homens, em todos os seus aspectos. Até mesmo em como eles conseguem estragar tudo. Tudo. Parece que possuem uma síndrome de honrar suas cuecas, de colocar o cartão HOMEM em todo jogo e fazer tudo desandar. E não digo isso somente no fator de relacionamento, não. Amizade com seres do sexo masculino requer uma base forte de entendimento desse mundo quase obscuro para nós, mulheres. Eu acho genial, no entanto, toda essa diferença.

É engraçado ver, depois dessa onda metrossexual, como os homens que foram adeptos do frisson já não mais agüentam ver potinhos de gel, mousse, argila, geléia e todos as variações de produtos para deixar o cabelo com um visual bagunçado-acabei-de-levantar-da-cama. Ou como já perderam todo o tino fashion para roupas. Acabam por voltar a ser quem eram, mesmo um pouco mais vaidosos, mas ainda mantendo o gene arrota-peida-toma-cerveja-na-frente-da-tv. Afinal, para que isso tudo se as mulheres gostam mesmo do homem in natura? E vai de novo honrando as cuecas.

Essa aproximação da mulher, no quesito vaidade, acabou por deixar o homem quase que em um estado de competição: quem se arruma mais, quem se ajeita mais. Aquela diferença saudável foi diminuindo e sei que não agradou a nenhuma das colegas XX.

Adoro celebrar as diferenças e creio que, mesmo olhando para aquele ser que nunca sabe responder a uma pergunta direta, que coleciona atos de descomprometimento, que não percebe o quão errado está, que não quer ser ajudado, ainda gosto de poder olhar o que me é diferente. E de lidar com isso. E de conviver deliciosamente com isso. E de celebrar o fato de que homem é sexo e é amigo e é aquele cara que honra as suas cuecas, mesmo de vez em quando achando que a calcinha serve somente para colecionar.

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