Sucesso na cabeça
Quando eu era pequena, acredito que no inconsciente coletivo das crianças da minha época – ou pelo menos no dos meus amiguinhos – a definição de sucesso era ser presidente. Que fique claro que isso não estava necessariamente relacionado com felicidade: legal mesmo era ser astronauta. Mas, na nossa visão, se fizéssemos a tarefa de casa direitinho e obedecemos aos nossos pais, a gente podia até ser presidente! E isso ia ser o ápice do sucesso.
Hoje fui no cinema e, ao ver a cara de bobo do George W. Bush, lembrei-me dessa percepção que eu tinha. Confesso que a primeira coisa que pensei foi: “Olha só: ele é um idiota, mas o cara tanto fez (lobbies e negócios incluídos) que chegou lá, virou presidente”. Depois me questionei: será que era mesmo grande coisa ele ser o presidente dos Estados Unidos? Afinal de contas, ele é o George W. Bush, e isso para mim nunca será sucesso.
Depois que eu virei gente grande, demorei um tempo para perceber que sucesso é uma definição extremamente individual. O que nos torna bem sucedidos é atingirmos metas que nós mesmos traçamos, em função dos valores que buscamos em nossa vida. Para alguns, sucesso é ter uma casa para a família e colocar comida na mesa todo dia. Para outros, infelizmente, é conseguir comida para o dia. Definições existem aos montes.
Há aqueles que querem ser gerentes, diretores, presidentes de uma empresa. Há quem quer ajudar as pessoas em outros países, ou então no próprio país. Temos pessoas que querem trazer arte e cultura para outros, e outras que querem criar beleza, moda, charme. Há mães e pais que querem criar os filhos da melhor forma possível. Há quem busque um diploma importante, uma pesquisa relevante ou um bom casamento. Há quem queira levar uma vida simples e honesta. Temos aqueles que querem fazer um documentário, e pessoas cuja meta é instigar pensamentos. E, claro, existe também o Pica Pau, cuja definição de sucesso é complexa: dinheiro, mulheres, carros, mulheres, casas, mulheres...
As diversas formas de sucesso – fanatismos a parte – são, a seu modo, louváveis: no final das contas, o que queremos é fazer alguma diferença. Para o mundo ou para nós mesmos, nós buscamos trilhar o nosso caminho do melhor modo porque ele é único. E quanto melhor formos, mais especial ele fica. Afinal, aquele é o nosso conjunto de valores, e de mais ninguém. Iremos conquistar um objetivo exclusivo.
Hoje, no cinema, o sucesso me subiu à cabeça. Conclui que não queria ser presidente de nenhum país. Vi também que ainda não sei qual é a minha definição de sucesso. Sei que quero fazer alguma diferença, quero tocar as pessoas de algum modo, mas não tenho idéia como. Existem muitas possibilidades no mundo e eu ainda estou buscando a minha. Qual será o meu diferencial? Vou trilhando o meu caminho. Essa fé que me persegue insiste em me acalmar, me faz saber que um dia eu vou enxergar as coisas mais claramente.
Agora, é muito difícil responder perguntas do tipo: “O que você se vê fazendo daqui a 5 anos?” Estarei buscando pelo meu sucesso. Seja ele qual for.
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