Being Boring
“She was never being bored because she was never being boring.” – Pet Shop Boys
Eu estou tão entediada que já comecei a escrever 4 textos e, em todos, parei na primeira frase. Não era preguiça ou cansaço: as idéias até podiam ser legais, mas nada parecia muito relevante a ponto de eu querer escrever mais. Eu fiz um “nhé” mental para todas essas idéias porque elas eram chatinhas.
A frase acima, segundo os Pet Shop Boys, vinha escrita nos convites de umas festas bem legais a que eles iam nos anos 80. (Quem já viu o clipe de Being Boring sabe do que estou falando). É uma filosofia maravilhosa: ela nunca estava entediada porque não era entediante.
Eu estou entediante. E por isso, entediada.
É tudo minha culpa: eu faço muita coisa ao mesmo tempo, o que me deixa sem tempo para fazer qualquer uma delas direito. E por falta de energia, paciência e de dinheiro – não necessariamente nessa ordem – eu deixo de fazer coisas mais legais. Sobre as quais, quem sabe, eu poderia escrever.
Se bem que isso é mentira: nos últimos 7 dias eu dancei forró, fui a bares, churrascos, espetáculos. Bebi capeta, cerveja, vodka. Saí do regime e depois voltei. Não fui na academia, mas fiquei andando desvairada pela rua tentando encontrar um amigo. Falei com muita gente, digitei muitos e-mails, em mais de uma língua. Cada um desses momentos me rendeu uma idéia para um texto.
Não sei se acontece com outros, mas quando eu escrevo, tenho síndrome daquela crônica do Rubem Braga – eu quero escrever o melhor texto, que emocione as pessoas, que as faça reagir de um modo diferente, que comova. E hoje, olhando para as minhas idéias, vi o quanto eu não queria falar dessas coisas. É tudo muito chato.
Então, vou me jogar por aí um pouco mais. Vou livrar o leitor da minha fala maçante, e vou tentar me interessar por alguma coisa. E parar de ficar tão conscienciosa de falar de outras. E fazer alguma coisa diferente, plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho, comprar uma bicicleta.
Sempre é necessário encontrar alguma paixão. Senão, passamos a vida em bege.
PS: Me corrijam: é do Rubem Braga mesmo aquela crônica?
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