Em busca de um amor tranqüilo
Há algo de turbulento no ar. Nessa semana – ironicamente, tão próxima da primavera que chega nos corações – dois relacionamentos que eu considerava bem duradouros chegaram a um fim. Ainda não sei se a situação é definitiva ou temporária, mas acho que nem as partes envolvidas sabem. Ao mesmo tempo, uma amiga que estava começando um possível-romance promissor me conta que o que antes parecia leve já está querendo complicar. Isso sem falar nos homens loucos que assombram a minha vida e a de colegas bem próximas.
Comecei a pensar em como essa peregrinação em busca de um amor tranqüilo requer esforço e paciência tremendos da nossa parte. Como, às vezes, estamos perto de chegar lá, tocar o sininho, gritar “Achei!”, acabar com esse esconde-esconde da busca pela chamada alma-gêmea (para quem acreditar). Mas só achamos complicação; pode vir de diversos jeitos: ciúmes, posse, traição, incompatibilidade de gênios, de sentimentos, de plano.
Um relacionamento dá trabalho. Para fazê-lo funcionar, se deve investir. Precisam de tempo, dedicação, confiança, lealdade, concessões e construções. E daquela coisa indefinível, um encantamento, que faz com que o amor não tenha fórmulas.
Acho que o que falta hoje em dia é um pouco de boa vontade. Vivemos num mundo tão descartável que as pessoas não estão dispostas a abrir mão de nada em suas vidas em função do outro: pra quê, se é tão fácil fazer a fila andar? Os valores estão banalizados, e quem se preocupa em ultrapassar a aparência e encontrar a essência? Talvez as pessoas tenham medo de reconhecer a própria essência. Às vezes parece que há um medo coletivo de se abandonar a imagem cool de autonomia. Somos uma ilha de produtos recicláveis, admitir a necessidade de uma companhia, a mudança na vida em função disso, nos faz animais racionais, credo. Será que eu não vou mais o garanhão, a pegadora?
É engraçado que isso acontece em uma época em que o pré-estabelecido vem se quebrando. Casamento, aliança, morar junto, fidelidade, são fatores flexíveis – cada relacionamento tem a sua história e o seu ritmo, as pessoas fazem as regras da sua felicidade. Se cada um de nós tiver que desenhar uma casa, os desenhos saíram completamente diferentes. Cada um vê o mundo do seu jeito e tem a sua noção de valores.
Amor é sintonia. É você dar a sua mão a alguém especial, para juntos construírem sua felicidade, lado a lado. E a casa de vocês vai ser diferente de todas as outras. Assim como vocês são diferentes, dos outros e de vocês mesmos. Ainda bem.
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