De ser
Paixões são irrefutáveis.
Elas surgem, maiores que nossa razão, sem querer hospedam-se na nossa mente, no nosso corpo e fazem de nossas mãos extensões de desejos; a necessidade de tocar, maior que qualquer razão, maior que qualquer questionamento além.
Seria plausível, para uma mente cética, questionar o princípio de tudo aquilo, seu começo e, exatamente, porque surgiu. A mim, basta saber que surgiu.
Creio que a questão maior é como lidar com a paixão. Ela se instala e não há meios de evitá-la: quando nota-se sua presença, ela já aconteceu. Prevenir, remediar, questionar, nada disso tem poder algum quando diante da paixão. Meros mortais que somos, ou assumimos ou engolimos.
Engolimos.
São poucos aqueles que não tem medo de se jogar no vazio, de se perder em idéias não concretas, de dar a cara pra bater e qualquer outra analogia que você possa estar a pensar agora.
E quando assumimos?
Assumimos a mudança, a infinita possibilidade de dor, a miríade de problemas que surgem exponencialmente, a certeza de que nosso passo não é qualquer mas é certeiro para uma oportunidade próxima. Orgulho de si mesmo, a convalescença da dúvida anterior, o fato dado e consumido.
O medo.
E o que nos rege senão o medo?
Paixões surgem e o medo é intrínseco.
De que seriam feitas paixões se não fosse o medo de perdê-las? Perdê-las, não as sentir, de virar o vácuo entre mente e coração.
Parece idiota, mas se o coração não bater mais forte, de que adianta bater?
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