17.2.05

Brazilian on Ice

E impressionante como algumas experiencias sao capazes de desencadear um milhao de sentimentos e filosofias. Antes eu nao acreditava muito em epifanias, ate que elas comecassem a ocorrer com certa frequencia na minha vida. Talvez seja a situacao em que me encontro (resumindo: viajando pelo mundo, conhecendo novas pessoas etc). Estou mais propicia a ser reflexiva e espero sinceramente que isso seja um aspecto que eu mantenha apos a minha viagem.

Hoje eu fui patinar no gelo – uma experiencia sempre interessante quando voce vem de um pais tropical, abencoado por Deus e bonito por natureza. Contudo, nao foi minha primeira vez no rinque: ha 12 anos atras, eu ja haviaa praticado o esporte duas vezes. Logo, fui cheia de experiencia e malevolencia encarar o gelo amigo.

Alem de ser desprovida de coordenacao motora, tenho que explicar que eu tenho um grande medo nessa situacao: a ideia de cair no chao gelado e que alguem passe com aqueles patins afiados em cima dos meus dedos me causa um panico sem tamanho. Pode rir agora; se voce visse o meu olhar apavorado, iria rir muito mais.

Mas la eu estava , brava e forte, me jogando com furia e medo nessa nova experiencia. Dado que estou viajando com pessoas de paises como Canada e Suecia, havia varios amigos solicitos a me oferecer um braco solidario (que eu agarrava com uma forca nao muito agradavel).

Esse momento que mistura panico e diversao me trouxe varias ideias sobre mim mesma. Uma pergunta nao saia da minha cabeca: por que diabos eu tenho tanto medo de cair? Ok, eu entendo que essa historia dos dedos atropelados e uma certa fobia, mas esse medo de limita absurdamente. Eu percebi que precisava aprender a cair, senao nunca ia conseguir melhorar e me divertir mais do que me apavorar. Ainda nao estava muito pronta para cair, mas era algo a se considerar seriamente.

Minha segunda linha de pensamento foi por um lado mais pessoal. Imagine que voce tem laranjas, morangos e kiwis e voce quer realmente comer morangos. So que eles estao dificeis de alcancar, entao voce acaba pegando as laranjas. Ok, pessima analogia. Vamos aos fatos.

Voce quer muito estar perto de alguem. Exatamente por isso, voce tem muito mais facilidade de se aproximar de qualquer outro ser vivo do universo. E uma coisa fantastica: todo mundo pode se tornar seu amigo – menos quem voce mais quer. Por que isso acontece? Basicamente, por que no fundo temos sempre 12 anos. Voce quer dar bandeira, mas nao o suficiente para se achar uma idiota. Mas tudo o que sai de voce parece bobo e desnecessario. Entao, quando voce tem uma boa oportunidade de fazer contato, o que faz: deixa ela passar, claro! Tenta ser cool e acaba sendo panaca.

Na verdade, esses dois temas se entrelacam assim como as minhas pernas patinando no gelo. O medo de cair, a fobia de uma dor maior que tudo nos impede de ir mais longe nos faz ter quer dar uma volta grande para alcancar a nossa meta. E muito dificil sair da nossa zona de conforto e parar de se apoiar nas bordas para tentar atravessar o rinque e chegar mais rapidamente proximo a quem se quer. Mas se nao tentarmos e cairmos, nao vamos conseguir andar mais rapido. E, quando finalmente nos aproximamos do nosso destino, as vezes pode ser tarde demais. Isso e mais aterrorizante do que cair num chao gelado.

E sim, eu cai uma vez hoje. Sabe o que eu fiz depois? Levantei.
Vamos ver como vai ser a proxima.


PS: Desculpem o texto sem acentos, teclados estrangeiros nao sao compativeis com uma ortografia correta!

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