28.1.05

Se o Amanhã Não Fosse Tão Distante

Para quem tem nos lido e para quem entrou aqui por um acidente maravilhoso do Google:

A partir de hoje, serei uma escritora ausente. As atualizações, que já não era semanais como queríamos, da minha parte ficarão um pouco mais escassas.

Isso porque o amanhã é um pouco distante. E lá a minha disponibilidade ainda é incerta.

Não vou abandonar esse projeto que eu adoro. Serei apenas oficialmente relapsa e com justificativas. O sonho de uma preguiçosa :)

Mas eu volto, sempre que possível. Até criar juízo e ficar quieta.
Then I´ll lie in my bed once again.

Beijos

Dri

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22.1.05

O hub da minha casa

Num belo dia de verão, depois de uma forte chuva tradicional da estação, a Internet na minha casa parou de funcionar. Na modernidade, essa é a releitura da praga de gafanhotos do Egito antigo. Logo, ligamos para o serviço de atendimento ao consumidor do nosso provedor. Eu sempre penso que as empresas poderiam desvincular uma central desse tipo do seu serviço – essas centrais nunca funcionam direito mesmo, para que ter tanto trabalho? Poderia surgir um produto que se posicionasse como: “Não recebemos reclamações. Esse é o nosso diferencial”. Forneceriam um serviço mais barato, e se a gente tivesse algum problema com o produto, bem... O problema seria nosso, e não deles. Talvez as coisas funcionassem melhor.

Enfim, ligamos e em 24 horas receberíamos a visita de um técnico. Ansiedade. Medo. Expectativa. Será que ele consertaria o nosso problema? Será que ele traria a luz, ou melhor, a web? Será que ele ia ser mais um daqueles técnicos dos quais se vê o cofrinho? Mistérios e lendas urbanas se misturavam; sem acessar a Internet, a imaginação flui mais.

Finalmente, o rapaz chega e começa a diagnosticar a situação. Fiquei ao lado acompanhando, fazendo cara de quem entendia do assunto e estava lá apenas para supervisionar. De repente, vi uma mensagem de conexão na tela do computador. Meu olhar se iluminou de felicidade quando perguntei:
- Conectou?
- Não, isso é só por causa do hub.

Fiquei emocionada: tem um hub na minha casa! Achei essa frase muito divertida. Quantas pessoas podem conscientemente dizer: “tem um hub na minha casa. E na sua?” Você também pode assustar um desavisado: “Você sabia que tem um hub na sua casa?” Pessoas mais sensíveis acabariam subindo em cadeiras e dando pequenos gritos. Senti-me privilegiada: hubs, hubs, hubs, eu tenho um hub!

Então o moço consertou a Internet – o que ele fez com o hub, eu não fiquei sabendo – e nos devolver a luz. Para nosso maior conforto, o cofrinho dele não foi exibido no processo. No mesmo instante, fui procurar no Google o significado de Hub.
“Em sua definição mais simples, o hub é o objeto da rede que repassa dados adiante, seja para todos os dispositivos conectados, como na Ethernet, seja para apenas um deles como nas redes Token Ring”.

Achei muito chato. Resolvi não procurar informações sobre as redes Token Ring. Prefiro pensar que tem um pequeno Frodo no meu computador carregando bytes (em formato de anel, claro) de um lado para o outro. Não há nenhuma definição tecnológica que vá superar essa – e tenho certeza que a maioria das pessoas que sabe em que consiste essa rede vai preferir a minha versão. A tecnologia é muito mais divertida na minha cabeça.

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4.1.05

Quando o ano novo começa

Já fui algumas vezes passar a virada de ano na praia e todas tiveram um elemento comum: ninguém sabia muito bem que horas começar a comemorar. Nunca fui em grandes festas como a de Copacabana, eram praias menores. Mas sempre me pareceu que faltava um “organizador da bagunça”, algo ou alguém com a nobre função de dizer quando o ano novo de fato começa. Qualquer relógio bem posicionado resolveria - houve dois anos que, para mim, começaram uns 3 minutos antes do previsto.

Este reveillon não seria diferente. Estávamos na praia, onde os barulhos dos fogos começaram por volta das 7 e meia da noite. Nunca entendi porque as pessoas ficam disparando fogos antes, isso só me confunde. Talvez o efeito mágico do álcool de fazer com que 5 horas passem em 5 minutos antecipe algumas comemorações. Na medida em que a meia noite vai ficando próxima, a quantidade de fogos de artifício sem noção aumenta.

Pois bem: depois da ceia, todas as lentilhas devidamente comidas, fomos armados de duas garrafas de espumante para a praia, prontas para serem abertas. Nada nos deteria do objetivo maior: o ano novo. Usávamos a indumentária apropriada para a sobrevivência naquele ambiente – roupas brancas e calcinhas novas. Levávamos também uvas, para o caso de necessitarmos de munição extra. E não tínhamos medo de usá-las.

Cavamos a nossa trincheira no meio da praia lotada e por lá ficamos a esperar o momento do ataque. À nossa volta, milhares de pessoas também armadas até os dentes de simpatias e oferendas. Todas querendo garantir um ano com mais sorte do que o anterior. Só aguardavam o sinal para então, começarem os rituais em busca da felicidade.

Nesse intere, os fogos e rojões continuavam soando a esmo. Pessoas celebravam as 11 horas e 37 minutos do último dia do ano e cachorros latiam. Mas a massa sabia que esses eram apenas sinais de aquecimento.Ainda não era a hora certa.

O tempo continuou a passar. De repente, faltavam 5 minutos, depois 4... Os fogos aumentavam a sua intensidade, e com isso a dúvida: será que já era hora? Meu relógio ainda estava adiantado? Afinal, que horas são agora?

Olhei para a praia e vi um mar de pessoas ansiosas para comemorar. Elas queriam recomeçar, queriam fazer seus rituais porque essa era uma forma de renovar a nossa constante busca pela felicidade. Mas faltava o grito, faltava o sinal, faltava permissão do ano que ainda não chegava.

Sem relógio mas com uma breve noção das horas, não pensei duas vezes: chamei minha amiga e começamos a gritar: “DEZ... NOVE...”. A partir do “oito” já éramos acompanhadas pelos grupos vizinhos, e assim a coisa foi se alastrando até o “um” e o todos os fantásticos gritos que o seguem.

Foi então que entendi: quem faz o nosso Feliz Ano Novo somos nós mesmos. E ele começa na hora que quisermos.

FELIZ 2005 PRA TODO MUNDO QUE NOS ACOMPANHA!!!


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