Aquela dor que dói estranho.
Com o perdão da generalização, mas tem coisas que desafiam o mais descritivo dos autores. Como descrever aquela dor que dói estranho.
Que dor?
Aquela dor de dói de um jeito diferente. Não muito, pra você não desesperar. Mas o suficiente para gerar um certo incômodo.
As lágrimas nos olhos vêm e vão, assim como o movimento pendular dessa estranheza. Só que elas nunca caem dos seus olhos. Elas apenas chegam até eles.
Uma dor é um sinal físico de reação. Por isso a intensidade, por isso é ruim. É um alarme de que algo não está do melhor modo possível.
Mas a dor que dói daquele jeito estranho, ela é bizarra porque vai além da reação. O problema não é, nunca foi, identificar o foco negativo. Sequer reagir ante a ele.
Ela incomoda porque vai contra a razão.
Há a reação, há o pensamento, há o entendimento da situação e das diferentes expectativas e possibilidades.
Mas a dor ainda dói lá, estranha, solitária em um mundo supostamente hermético.
Não adianta queremos nos fechar num mundo de razão. Não existe uma mudança instantânea; sentimentos não possuem interruptores.
E ignorar isso – que atitude leviana! – só deixa você mais estranho. E a dor mais doída.
Não subestime a estranheza de suas dores ou de seus sentimentos. Quem te falou que a gente é lógico, mentiu. (ainda bem)