Num belo dia de verão, depois de uma forte chuva tradicional da estação, a Internet na minha casa parou de funcionar. Na modernidade, essa é a releitura da praga de gafanhotos do Egito antigo. Logo, ligamos para o serviço de atendimento ao consumidor do nosso provedor. Eu sempre penso que as empresas poderiam desvincular uma central desse tipo do seu serviço – essas centrais nunca funcionam direito mesmo, para que ter tanto trabalho? Poderia surgir um produto que se posicionasse como: “Não recebemos reclamações. Esse é o nosso diferencial”. Forneceriam um serviço mais barato, e se a gente tivesse algum problema com o produto, bem... O problema seria nosso, e não deles. Talvez as coisas funcionassem melhor.
Enfim, ligamos e em 24 horas receberíamos a visita de um técnico. Ansiedade. Medo. Expectativa. Será que ele consertaria o nosso problema? Será que ele traria a luz, ou melhor, a web? Será que ele ia ser mais um daqueles técnicos dos quais se vê o cofrinho? Mistérios e lendas urbanas se misturavam; sem acessar a Internet, a imaginação flui mais.
Finalmente, o rapaz chega e começa a diagnosticar a situação. Fiquei ao lado acompanhando, fazendo cara de quem entendia do assunto e estava lá apenas para supervisionar. De repente, vi uma mensagem de conexão na tela do computador. Meu olhar se iluminou de felicidade quando perguntei:
- Conectou?
- Não, isso é só por causa do hub.
Fiquei emocionada: tem um hub na minha casa! Achei essa frase muito divertida. Quantas pessoas podem conscientemente dizer: “tem um hub na minha casa. E na sua?” Você também pode assustar um desavisado: “Você sabia que tem um hub na sua casa?” Pessoas mais sensíveis acabariam subindo em cadeiras e dando pequenos gritos. Senti-me privilegiada: hubs, hubs, hubs, eu tenho um hub!
Então o moço consertou a Internet – o que ele fez com o hub, eu não fiquei sabendo – e nos devolver a luz. Para nosso maior conforto, o cofrinho dele não foi exibido no processo. No mesmo instante, fui procurar no Google o significado de Hub.
“Em sua definição mais simples, o hub é o objeto da rede que repassa dados adiante, seja para todos os dispositivos conectados, como na Ethernet, seja para apenas um deles como nas redes Token Ring”.
Achei muito chato. Resolvi não procurar informações sobre as redes Token Ring. Prefiro pensar que tem um pequeno Frodo no meu computador carregando bytes (em formato de anel, claro) de um lado para o outro. Não há nenhuma definição tecnológica que vá superar essa – e tenho certeza que a maioria das pessoas que sabe em que consiste essa rede vai preferir a minha versão. A tecnologia é muito mais divertida na minha cabeça.